26 janeiro 2007

desaparecido

sempre que leio nos jornais:
'de casa de seus pais desapar'ceu...'
embora sejam outros os sinais,
suponho sempre que sou eu.

eu, verdadeiramente jovem,
que por caminhos meus e naturais,
do meu veleiro, que ora os outros movem,
pudesse ser o próprio arrais.

eu, que tentasse errado norte;
vencido, embora, por contrário vento,
mas desprezasse, consciente e forte,
o porto de arrependimento.

eu, que pudesse, enfim, ser meu
- livre o instinto, em vez de coagido.
'de casa de seus pais desapar'ceu...'
eu, o feliz desapar'cido!

carlos queirós