05 março 2007

os silêncios da fala

são tantos
os silêncios da fala

de sede
de saliva
de suor

silêncios de silex
no corpo do silêncio

silêncios de vento
de mar
e de torpor

de amor

depois, há as jarras
com rosas de silêncio

os gemidos
nas camas

as ancas
o sabor

o silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.

maria teresa horta
in 'vozes e olhares no feminino', edições afrontamento

3 Comments:

Blogger Abssinto said...

Quase gostaria dessa poeta se não fosse tao radicalmente feminista. Mas tudo o que toca no tema silêncio que é uma coisa que me é cara, é digna da minha atenção.

abraço

segunda-feira, março 05, 2007 11:52:00 da tarde  
Blogger Abssinto said...

Gosto e bem de Vincent Delerm! Já ouviste Benjamin Biolay? Quanto ao Belle chase Hotel, foi pena terem-se extinto, mas o JP fez um optimo disco de Quinteto Tati e diz que a solo tb é bom (não ouvi).

segunda-feira, março 05, 2007 11:53:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

pois, tudo o que é radical, no plano ideológico, afasta-me. no entanto, há qualquer coisa de quixotesco em certos radicalismos que, se nos distraímos, pode encantar. gosto muito da poesia dela e, com os anos, aprendi aquela velha máxima das letras: 'um escritor não tem biografia; tem uma obra'. ajuda a retirar uma certa aura de infalibilidade a quem a não tem - afinal apenas humano, et por cause..

conheces delerm ? ora aí está coisa rara, creio bem! é uma espécie de 'divine comedy en français' - delicado e sinfónico; grandioso e frágil; melódico e literato. ou 'só' bom, talvez.
benjamin biolay conheço pouco (ainda que cantarole amiúde o 'dance rock and roll', faixa do seu projecto 'home', a meias com a sua mais que tudo chiara mastroianni)..
'recomendo', já agora, que investigues sebastien tellier, outro desalinhado gaulês que há uns tempos tenho em agenda.
um abraço.
gi.

terça-feira, março 06, 2007 9:44:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home