15 junho 2007

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não leio francês há anos, mas ça me plait (le livre, bien sur)

ante-estreia de 'lady chatterlay', adaptação francesa da obra de d.h.lawrence.
com boa imprensa, boa crítica, caução intelectual associado a sucesso comercial e a benção dos prémios 'césar' franceses, nem assim me arrebatou.
filme frio, porquanto ilustrativo de uma certa ideia de 'amor pleno', do amor como acto telúrico, espécie de harmonia cósmica reposta enfim.
contra-senso dentro de mim: assim vejo o amor, como sentido absolutizante, mas é-me difícil aderir à ideia intelectual (como mostrar a emoção, sendo a forma emoção em si?). pistas possíveis: cinema-poesia, alguma literatura maior, certa poesia magistral. nada do que aqui vemos. e, no entanto, superlativa interpretação da protagonista e um magnífico diálogo final dos amantes, sob a copa protectora de uma árvore ('podes ter outras mulheres, enquanto não nos reunirmos; desde que mantenhas o teu coração doce serás meu - é isso que me importa. o importante é conservares o teu coração doce', cito de memória. 'sempre fui diferente, em criança a minha mãe dizia-me que tinha certos traços femininos; mas a sensibilidade vejo-a como uma enfermidade, que me persegue dia após dia', novamente de memória).
como dizia o outro, vão e vejam. ou então, vão e leiam. mas vão.




tomara eu saber como dizer

no ipsilon de hoje, jornal público, diz um crítico de arquitectura, a propósito de álvaro siza vieira: 'Deus tocou-lhe com um dedo'.
apetecia-me dizer o mesmo. a despropósito de siza, mas com intenção precisa.

2 Comments:

Blogger Abssinto said...

Foi o penúltimo livro que eu li. Interessante, sem na minha opinião, merecer lugar de destaque entre os clássicos do sec. XX. Pelo trailer pude ver a cena em que ela o vê a tomar banho nas traseiras da cabana, e a cena em que os dois empurram custosamente e sob os impropérios do Sir Chaterley, que são duas das cenas mais emblemáticas. Só fiquei com curiosidade em ver a cadela do caseiro, a Flossie:) O livro achei-o bastante carnal e pouco me espanta que desse azo a tanta controversia desde a altura até aos anos 60. Há cenas fortes, como aquela em que eles colocam flores em cima dos sexos e ela lhe beija a pila, que não sei como transpuseram para o cinema.

Apesar de que ela poderia ter traído o marido com o seu consentimento de modo a gerar um filho que ele, incapacitado, não lhe poderia dar, a moral do filme é mais sobre a luta das classes. O Sr. Chaterley só ficou indignado por ela o ter traído com o seu armeiro, se fosse outro lord qualquer ele aprovaria.

Engraçado que nenhum dos actores que aqui vi se assemelhava com a ideia que tinha na cabeça. Cinema killed the literature star?:)

......

Dizer que o siza foi tocado por um dedo de Deus, é, creiam-me, um exagero! O Tomás Taveira, sim:)

Abraço

segunda-feira, junho 18, 2007 3:46:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

i shall be back, para 'comentar' com propriedade (espero) e tempo (seguro) estas tuas interessantíssimas observações.
um abraço, até breve.
gi.

segunda-feira, junho 18, 2007 4:59:00 da tarde  

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