09 outubro 2007

nunca lerás estas palavras, mas isso não é o mais importante.
fazes hoje anos, uma idade bonita que não vou revelar, porque nunca se revela a idade de uma menina quase senhora (nem de uma senhora sempre menina).
está mais ou menos a fazer 20 anos que nos conhecemos.
20 anos, quem diria..
eras tu uma menina a sair da adolescência; e eu um rapazinho, vindo de uma quase aldeia, para ti que eras da vila (a urbanidade possível nesses tempos já tão diferentes).
como algumas vezes na vida acontece, embarcámos num carrossel de emoções. durou anos, com algumas passagens pelo comboio fantasma, mas também com loops e contra-loops nas alturas - inebriantes, embriagados um do outro e um com o outro.
lembro-me bem.
das cartas, imensas, em papel ainda papel.
da ânsia e dor no estômago do correio que tardava, em certos dias.
de ter emagrecido 8 ou 10 kilos numa determinada semana da minha vida em que deixei de me alimentar, por tua causa (se é que faz sentido dizer-se isto). por nossa causa, talvez seja mais correcto dizer.
mas tudo isto já lá vai, agora que navegamos a curva do tempo.
à distância, veladamente, posso dizer-te que foste uma coisa linda, uma coisa maravilhosa, uma coisa que transformou as serras na 'sugar mountain' inventada e cantada pelo neil young, mais ou menos no ano em que nasci.
fazes hoje anos, dizia.
e estas palavras são para ti.
vinte anos depois.

parabéns!
e obrigado por tudo.
agora sim, posso dizer-te isto. mesmo que não o leias. alguém lerá e se entre esse alguém estiver um anjo com poderes de demiurgo então este recado chegará até ti. porque não há tempo nem espaço, quando falamos de essência.