25 dezembro 2008


no outono/inverno de 1995 sofri dois acidentes, o primeiro de minha única e exclusiva responsabilidade - um gesto temerário que me deixou sequelas -, o segundo fruto de uma infeliz conjugação de más condições atmosféricas, uma árvore caída na estrada, falta de iluminação e a condução irresponsável de alguém que havia bebido mais do que a conta. em ambas, se assim se pode dizer, tive sorte.

a primeira, de que não gosto de falar e de que é do conhecimento de muito poucas pessoas, mesmo no meu círculo mais íntimo, é aquela que sempre me deu suores frios - aquele sentimento de 'voltar ao tempo / lugar dos acontecimentos' e, uma e outra vez, relembrar como tudo aconteceu, porque é que aconteceu, como se fosse possível reescrever a pequena história. penso que, quem já passou por situações complicadas, sabe exactamente do esquema mental e emocional, desgastante, espúrio, inconsequente na ordem dos factos mas nada inconsequente nos vincos que deixa na nossa pele interior, de que estou a falar.

ontem, 13 anos depois, voltei ao local onde tudo se passou.

olhos nos olhos, entre mim e mim, lá consegui ultrapassar o receio e, na companhia do meu pai (que adivinhou o que se passava comigo, uma vez que, também ele, relembra essa hora de almoço de um sábado de 1995), desci do carro, olhei o sítio de relance, respirei o ar frio de inverno, ergui o olhar para o azul dourado do céu destes dias de beira alta e fui tomar um café, num muito humilde cafézito de província.

esta foi a minha prenda de natal. na senda do que foi o meu ano 2008, parar, voltar atrás, reflectir, decidir, para melhor seguir em frente.

amigos, talvez seja esta a única forma de viver: não esquecer nada, mas ser capaz de sublimar tudo o que está para trás, apostando mais no dia de hoje, em vivê-lo de forma mais leve e mas intensa (não, não é contradição, longe disso..).

os fantasmas olham-se nos olhos. esta foi a minha prenda de natal. se a ela me refiro, mesmo que de forma algo abstracta, é porque me parece que vos pode ajudar. assim seja, são os meus sinceros votos.

uma vez mais: feliz natal.

6 Comments:

Blogger R. said...

Eu sinto que também eu estou a precisar de um duelo olhos nos olhos.

Um beijinho,Gi.

sexta-feira, dezembro 26, 2008 2:46:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito luminoso este pedacinho de Natal aqui deixado...

No dia mais belo, a mais bela flor.
Obrigada!

MCPR

sexta-feira, dezembro 26, 2008 2:47:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Podes crer que pode ajudar. A palavra é mesmo equilibrio. Neste caso, entre o temor gravado e a lucidez necessária. Parabéns então.

abraço
abssinto

sábado, dezembro 27, 2008 2:35:00 da tarde  
Blogger ana q said...

:)

sábado, dezembro 27, 2008 8:58:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

lol,so nice

sábado, janeiro 03, 2009 10:02:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Not long ago, I have thought about something like that, but I did not realize you are so deep, it seems that I need to continuously strengthen the learning!

terça-feira, janeiro 06, 2009 12:23:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home