01 março 2009

diz aqui o almanaque que toda a coisa mirra e se fina
como se houvesse no grande esquema das coisas
uma terrível e absoluta e profética maldição:
'rapaz: tudo em ti convergirá para a aniquilação!'.

eu que o almanaque só muito de vez em vez leio
penso com esse gesto leviano e desprendido
alcançar o meu propósito, ousar o verso final
(aquele que ri da sua própria margem de erro;
aquele que espanta toda dor num mudo berro):
ser-se touro e toureiro, ah! pecado capital,
fusão a frio, mão sem freio, beleza outonal,

- união de homem e fera na ponta de um mesmo ferro.