27 fevereiro 2010

26 fevereiro 2010

- fuck you, pal!
atirei-lhe de rajada
- sabes, pá, há mais grandeza dos olhos daquele miserável a que hoje ofereci meio palmier do que nesse teu discurso vazio e balofo, nessa pose chico-esperta de arrivista encartado. que sabes tu das coisas do mundo? que sabes tu das coisas dos céus? que sabes tu de ti ou de mim?
acrescentei, sem deixar cair as palavras, como fazem os putos bons de bola
- há uma certa dignidade em sentirmos repulsa, sabes, pá? não, não sabes, podes lá saber.. mas há. não é bonito, mas quem disse que tem que ser bonito? ninguém no seu perfeito juízo.
aprestava-me para concluir a minha articulada e nada elegante intervenção
- fuck you, buddy.
mas já não restava nada de nada, o esplendor vazio da forma ao mais que perfeito serviço do receptor, baralhando os clássicos elementos do sistema comunicacional.
- e  o sporting? aquilo é que foi, hein?
e desapareci da rodela de câmara, panavision, que escondia o rosto do cameraman de ocasião.
- corta!
e ficámos assim. o que também não está mal.


'bobby cassidy: counterpuncher' é um mui estimável filmezinho documental, de bruno almeida - our man in new york -, ainda em exibição, algures em lisboa.

vale bem o bilhete. 75 minutos cheios de punchlines, uppercuts, a few shaddows, true happiness, some smoke, pain and the smell of a special kind of victory. 75 minutos cheios de vida, isso mesmo.

24 fevereiro 2010

esta sexta-feira à noite, em santa maria da feira, o 'festival para gente sentada' (iniciativa em torno dos modernos singersongwriters mais alternativos, algures a meio caminho entre os sons indie, o low fi acústico, a neo pop folk e coisas adjacentes) brinda-nos com um concerto que juntará, no mesmo serão, os senhores perry blake e bill callahan (também conhecido como smog).

se isto não é uma espécie de 'serviço público', não sei o que tal coisa seja.

nota: não há bilhetes, claro está. mas ir-se para a porta munidos daquela centelha de vontade e loucura que nos fazem acreditar que, dê por onde der, conseguiremos entrar.. é sempre uma opção válida. coragem!

22 fevereiro 2010



não encontraste a rua

não encontraste a casa
não encontraste a mesa
no café que alguém
por engano indicou.

mas a cidade é esta
e não outra

não encontraste o rosto

o anel caiu
ninguém sabe aonde.

alberto de lacerda

desaceleras uma canção dos pixies. aceleras e desaceleras frames e segmentos de godard. parte do novo século é isto, não sei se percebes, parte do novo século é isto -  como se explicado às criancinhas-que-trazes-em-ti.

mas nunca percebeste nada, pois não?

wave of mutilation, como esses corações defeituosos, preciosos relógios avariados, abandonados ao sabor de vagas marés

que nascem em teus olhos e que morrem a teus pés.

constelações bordadas na tua pele,

rimando com o óbvio:

de manhã mel, à tarde fel, à noite rimel.

édipo-rei, ou nem isso.


soletra-a com doçura e grava-a nos teus gestos mais ínfimos.

sonhava, nesses dias, com uma coisa, uma casa, um caso, semântica solta, como se vivendo em abismo, pão-de-ló figurativo, furiosos combates sem ruído.

o sentido da neve qual é?

talvez ocorresse perguntar se alguém se lembraria da parábola:

- lázaro, levanta-te e caminha.

palavras exactas proferidas pelas flores mais futuras.

continuando a dizer: fui criado com violência, alimentei-me de raiva, dediquei a minha vida a provar o contrário: aquela palavrinha de quatro letras bem portuguesas, sempre em suspensão abstracta, à falta de matéria concreta.

coisas de resto improváveis, como um haiku digital, semeado à beira do lago que só tu vês - mas que existe, para além de tudo o que dizem, de tudo o que possam ainda dizer.

ficção rare com poesia a cavalo - é o prato do dia, como sempre, como dantes.

cintilações, talvez, quem poderá dizer. restos, rastos de estrelas cadentes caem do céu, como se metal fundido aceitando a gravidade.

mais perto de agosto.

flores semânticas perigosamente próximas de cortazar, dessoutro irmão. semiótica de beira de estrada e nexos de causalidade afectiva - disse-me, por entre um gancho de esquerda, que raspou o meu peito junto ao coração.

picador de gelo e matar-me-ia,

mas isto, claro, só para que as flores pudessem dizer o que está escrito, para além de todo o tempo:

- levanta-te e caminha.

vou contar-te uma história, disse o velho ao rapaz: lê estas palavras ao contrário, parte daqui, parte agora, parte já.

e assim foi. e assim me fui.

20 fevereiro 2010


livin' on the wrong side of the tracks.

19 fevereiro 2010



e é então que entras na sala e te sentas, muito direito, como se uma força centrífuga e centrípta - ao mesmo tempo, nota bem - se te sugasse e expelisse - ao mesmo tempo, nota bem. na parede em frente, esse oráculo de sempre, vai começar a projecção. o filme chama-se 'a single man' e, brincando com a semântica, pensas nos diferentes significados que a expressão pode ter, na forma como a traduzirias para a tua língua. notas que qualquer que seja o ângulo, a expressão é sempre, como dizer, ajustada, apropriada, adequada, um casaco de corte preciso que assenta totalmente num corpo que se diria nascido para tal casaco. o filme, entretanto, já começou. e é um filme que, no fundo, é um gigantesco post antes de exister such thing. a diferença é a impossibilidade realista de ele ser narrado como é narrado. mas isso, já sabes, deixou de ser impossível a partir de meia-dúzia de obras de arte modernas. no fundo, visto do céu, é uma possibilidade como outra qualquer. uma possibilidade, por mais improvável que seja, não deixa de ser uma possibilidade. nunca foste bom a matemática, sorris interiormente agora, e já não te lembras se a lógica também. não interessa muito, o filme já arrancou há minutos. segues a vida de geo(rge), essa óptima interpretação de um actor que conheces e que nunca admiraste verdadeiramente. mas agora é uma coisa diferente, uma possibilidade improvável (lá está..). sózinho, carrega o filme aos ombros, todo ele é elegância, coolness triste, sofisticação gelada. e, no entanto, no entanto há um turbilhão manso, conformado, um vulcão gelado que teima em persistir, contra toda a probabilidade. segues o rosto de geo(rge), as suas mil tonalidades, as suas duas mil cambiantes para a palavra tristeza. já sabemos agora que foi feliz, profundamente feliz. que é viúvo agora de um homem, dezasseis anos interrompidos brutalmente, como sempre são. soletras v-i-ú-v-o com prazer e pensas que neste novo mundo vais ter que te habituar à ideia de veres um homem ou uma mulher viúva, sobrevivente, de outro homem ou de outra mulher, respectivamente (a ordem é importante, lá vem a matemática, outra vez). segues o filme com o olhar, com tudo o que tens à mão. o design de produção é obscenamente perfeito, ou não fosse o filme obra de uma ilustre designer de roupa. os fatos - suspiro -, os objectos, aquele tempo em que ainda era possível.. disparate, vês aquele tempo, a partir deste tempo. como sempre foi, como sempre será, a posição do observador determina a própria observação. sabes isso, não sabes? o filme continua, denso, interior, num registo falsamente arrastado, como se geo(rge) nos escancarasse as suas portas mais interiores. o filme é belo e trágico - reparas na redundância das palavras. deixas aqui pistas, mas não mais que isso, para que quem te lê ganhe balanço e vá ver este teu 'homem singular'. todos os homens são-no, não é verdade? este é mais um. que te explica algo irreproduzível em série, mas, ao mesmo tempo, num golpe comum em obras intimistas, é também do todo que fala, de todos nós. horas depois, embalado ainda pelos fotogramas que procuram encaixar-se no sítio certo, sabes já que não é um filme enorme, mas que é um filme tocado por alguma coisa que te fala baixinho. horas depois, estás em tua casa, deitado num sofá, às voltas com um livrinho chamado 'aula de poesia'. pensas em muitas coisas. pensas, por exemplo, que 'aula de poesia' seria um belíssimo subtítulo para o filme, mas que não seria apreensível para noventa por cento do target do filme. e pensas também, uma e outra e mais uma e outra vez, nas possíveis declinações da expressão 'a single man' se vertidas para português. no fundo, sabes bem o que queres dizer a ti próprio - e esta noite que nunca mais passa.

18 fevereiro 2010



mais de trinta anos depois, o regresso ao passado, num registo brutalista e ao mesmo tempo poético. invocação, evocação e esconjuramento de memórias, dores e fantasmas.

a infância, o colonialismo português sem eufemismos, tal como praticado no quotidiano mais chão, a memória de um pai que foi amado e odiado ao mesmo tempo - o género de sentimento que só dedicamos uma ou duas vezes na vida a pessoas que nos fulminaram e que, paradoxalmente, nos iluminaram.

uma linguagem visceral, marcada pelo sangue e pelas lágrimas, mas também pelos cheiros, pelas cores, pelos sorrisos da pequena isabela desses longos e cálidos dias africanos.

para que conste, os nossos mui portugueses brandos costumes são muito relativos. e, como suspeitávamos, ninguém fica bem nestes polaroids que queimam - ninguém.

li-o em dois dias. há mais vida neste livrinho do que em biografias inteiras que conheço de cor.

e há mulheres assim, de coragem. conheci algumas na minha vida. a admiração que tenho por elas é proporcional ao homem que gostava de ser, mas que nunca saíu de uma folha de papel ou de um blog, como este a partir do qual vos escrevo.

(há quem sonhe com coisas, como há quem queira conquistar o mundo. eu sonho com pessoas, eu sonho com sonhos. alimentado(s) a livros, poemas, discos, cinema, palavras, memórias, utopias, objectos vivos, estrelas fulminantes, constelações amorosas, medos e dores. eu sonho, logo eu sou. eu sou, por isso eu sonho. até ao fim.)


17 fevereiro 2010

16 fevereiro 2010


preparar o caminho.

15 fevereiro 2010

e ele disse:

já não frequento o invernal jardim
nem de noite, nem de dia - fui-me.
ninguém mais quer saber de mim,
azar meu e do que deixei ao lume.

perdi o meu gosto pela jardinagem,
por garimpar estrelas, pérolas novas.
antes: minério delicado; agora: vadiagem,
frequento os dias, não mais as covas.

a escrita que resta é só solavanco,
não mais ternura, espada, pregação.
deixei o génio sentado num banco,
e a mágoa numa qualquer canção.

onde luzia verso, prosa, às vezes fulgor,
há agora paz, mansidão, puro recato,
fui flor ébria, o mais fulminante amor,
sou só memória baça e ao desbarato.


for emma, forever ago. forever, for emma ago. for ago, forever emma.

13 fevereiro 2010

daqui para a frente, não há muito mais. as minhas desculpas a quem se comover.

12 fevereiro 2010

11 fevereiro 2010

you fit into me
like a hook into an eye
a fish hook
an open eye
margaret atwood

por exemplo: eu. mas só por exemplo.

10 fevereiro 2010


almost you. almost me. almost blue.
por exemplo: o sporting. viver um clube de futebol, para além do futebol jogado. não querer saber dos penalties por marcar, dos off-sides, dos tackles, das subtilezas técnico-tácticas, dos arruaceiros de fim-de-semana, das disputas nos fóruns on-line dos pasquins desportivos, dos mentideros e do basfond, das tricas e dos truques baixos. dos túneis.

por exemplo: o sporting. viver poucas alegrias, o mais do tempo imerso numa nebelina, numa nebulosa, um chorrilho de disparates sobre disparates, uma via-sacra para gente de têmpera, um pequeno vale de lágrimas, sem promessa de redenção, de amanhãs que cantam, de honrarias, de glória.

por exemplo: o sporting: sofrer derrotas copiosas, umas atrás das outras. sentir que nada do que se faça parece fazer sentido, nem o seu contrário. sentir que se está à beira do precipício, que os riscos são coisa real e não já uma cosa mentale - ainda que um risco seja sempre uma cosa mentale, mas isso era chamar aqui a alta cultura mais ilustrada, coisa sem cabimento num escrito sobre o sporting.

por exemplo: o sporting. amar o sporting, irracionalmente. acreditar que desta vez é que é, vamos ser campeões, esforço e devoção e dedicação e glória a caminho, já falta pouco, muito pouco, tão pouco, é já ali, continuar em frente, porque há aqueles factores inexplicados e inexplicáveis, e os títulos, a dignidade dos bravos rapazes, o sabermos que ínvios são os caminhos, mas que chegaremos lá, que estamos quase a chegar, que chegámos, ops, que afinal não estamos a chegar, que não chegámos, que que que que que..

por exemplo: o sporting. mas só por exemplo.

09 fevereiro 2010

por exemplo: chet baker, the jazz poet, na expressão daqueles livrinhos, CDs e DVDs de divulgação que procuram, de uma penada, encontrar a fórmula mágica que explique aos leitores, sequiosos de informação pela rama (rápido, rápido!), quem foi chet baker. que tocou trompete, sabemos. que teve várias fases, também. que teve um acidente que lhe custou parte da dentição e o afastou da música durante uns anos, poucos sabem. que era ferozmente adicto em drogas é quase saber mainstream. que morreu relativamente jovem e desfigurado pelos abusos, é conhecido. que morreu, ao cair de uma varanda de hotel, em amsterdão, quantos saberão? que foi um músico genial - one of a kind, truly - talvez consigamos consensualizar. que foi um ser humano execrável, quem o sabia?

por exemplo: chet baker, um poeta que se exprimia através da música que criava e interpretava. quem quer saber do homem, por detrás do mito? vale mais o homem, rude, imperfeito, antipático aos nossos olhos politicamente correctos, ou vale mais o artista, tocado, neste caso literal e metafóricamente, pelo sopro divino? faz sentido perguntar isto?

por exemplo: chet baker. mas só por exemplo.

08 fevereiro 2010

('a perfect day for bananafish')


..ou então falar(-vos) apenas daquelas palavras que nos saltaram ao caminho, ia o domingo já em modo vazante, contando a história daquele homem, lisboeta de campo de ourique, que traduziu, ao serão, sem experiência prévia alguma no 'métier', o livro de j.d. salinger 'nove contos' (que, entretanto, até saíu vertido para Português, em edição oficial, por assim dizer).

e traduziu porquê? para oferecer à mulher, como prenda de aniversário.. diz-nos ele, através da reportagem (como sempre deslumbrante) da alexandra lucas coelho, nas páginas de ontem da revista de domingo do jornal público, que a senhora, à meia-noite e um do dia desse seu aniversário ia caindo para o lado. uma edição única, puxada do fundo do querer.

digam lá se não é uma bela história, mais do que à altura das sublimes palavras esculpidas a cinzel, inteligência, coração e aquela palavra intraduzível ('wit'), pelo senhor salinger?

ficamos assim e ficamos bem.


('for esme - with love and squalor')



são 5 da manhã e estás inebriado pelo cheiro da noite, cercado por vultos negros que, num mesmo compasso, esconjuram fados e feridas, numa dança nocturna, espectral, ao som das malhas claustrofóbicas de rock mais ou menos pesado.

a noite encaminha-se a passos largos para o seu fim. pensas para contigo, como no filme ou no disco ou no livro, 'Deus meu, que faço eu aqui?'. mas sabes perfeitamente o que fazes, nesse tenso diálogo interior entre um lado mais hedonista - easy going - e um lado bem mais escuro - reflexivo.

os teus amigos estão ali ao lado. ali mesmo ao lado. aqui mesmo ao lado. celebra-se uma coisa bonita e pensas na beleza muito especial destas noites. no milagre que é estarmos vivos, apesar de tudo. no milagre que é estares vivo, apesar de ti.

apetece-te escutar pulp - essa música vitalista e estupidamente comovente - e gnr, no seu brilhante 'piloto automático', canção que tem o raro condão de te fazer esquecer (quase) tudo.

o teu amigo, conhecedor profundo destes meandros também afectivo-musicais, desapareceu já, no seu passo sempre gentil, e conversa agora com o dj, seu amigo. a ideia: dar-te o que esperas ouvir, para fechar a noite. pulp ou gnr. pulp e gnr, quem sabe..

e, de repente, sem o esperares, soa o crepitar de guitarra que tão bem conheces, essa senha mágica para um outro mundo. agarras-te à parede o melhor que podes, enquanto o teu corpo, desobedecendo, te pede espasmo, espanto, pasmo, esperanto - uma linguagem universal, síntese de coração na ponta dos pés.

danças agora e tudo brilha, toda a matéria escura é agora luz. vês os corpos a rodopiar, as mãos a acenar, vês a dança de fantasmas transmutados numa outra coisa. no escuro, brilhando, as palavras assumem agora contornos precisos, rostos, são uma coisa impossível. mas como impossível se as vês, se flirtas com elas, se até consegues sentir o seu perfume?

as guitarras continuam o seu trabalho de precisão. do tecto, do céu, do espaço caem flores, psicadelismo e serpentinas e coisas outras, indefinidas e indefiníveis. não sabes nada e sabes tudo. não queres dizer nada e queres dizer tudo.

e o refrão - essa longílinea canção que é só refrão, como se de um mantra se tratasse - diz tudo:

wait
they don't love like i love you
they don't love like i love you

não sabes porquê ou para quê. mas isso tu sabes. sabes que

they can't love you like i love you.

abraças os teus amigos. explosão exterior e implosão interior.

são 5h30 da manhã. um espelho partido, atrás do bar, devolve-te a imagem do teu rosto rasgado em dois, dizendo-te:

- bem-vindo a casa, rapaz.

"What the hell does it all mean anyhow? Nothing. Zero. Zilch. Nothing comes to anything. And yet, there's no shortage of idiots to babble. Not me. I have a vision. I'm discussing you. Your friends. Your coworkers. Your newspapers. The TV. Everybody's happy to talk. Full of misinformation. Morality, science, religion, politics, sports, love, your portfolio, your children, health. Christ, if I have to eat nine servings of fruits and vegetables a day to live, I don't wanna live. I hate goddamn fruits and vegetables. And your omega 3's, and the treadmill, and the cardiogram, and the mammogram, and the pelvic sonogram, and oh my god the-the-the colonoscopy, and with it all the day still comes where they put you in a box, and its on to the next generation of idiots, who'll also tell you all about life and define for you what's appropriate. My father committed suicide because the morning newspapers depressed him. And could you blame him? With the horror, and corruption, and ignorance, and poverty, and genocide, and AIDS, and global warming, and terrorism, and-and the family value morons, and the gun morons. "The horror," Kurtz said at the end of Heart of Darkness, "the horror." Lucky Kurtz didn't have the Times delivered in the jungle. Ugh... then he'd see some horror. But what do you do? You read about some massacre in Darfur or some school bus gets blown up, and you go "Oh my God, the horror," and then you turn the page and finish your eggs from the free range chickens. Because what can you do. It's overwhelming! I tried to commit suicide myself. Obviously, it didn't work out. But why do you even want to hear about all this? Christ, you got your own problems. I'm sure your all obsessed with any number of sad little hopes and dreams. Your predictably unsatisfying love lives, your failed business ventures. "Oh, if only I'd bought that stock! If only I-if only I purchased THAT house years ago! If only I'd made a move on THAT woman." If this, if that. You know what? Gimmie a break with your could have's and should have's. Like my mother used to say, "If my grandmother had wheels, she'd be a trolley car." My mother didn't have wheels. She had varicose veins. Still, the woman gave birth to a brilliant mind. I was considered for a Nobel Prize in physics... I didn't get it. But, you know, its all politics. It's like every other phony honor. Incidentally, don't think I'm-I'm bitter because of some personal setback. By the standards of a mindless, barbaric civilization, I've been pretty lucky."

Boris Yellnikoff, in 'whatever works', brilhante filme (mais um..) de Woody Allen

05 fevereiro 2010



porque é que será que, em regra, é tão difícil ter "conversa de Homens", entre homens?

04 fevereiro 2010


 ('a single man' é a estreia na realização do fashion designer tom ford. e vai arrasar.)
a meio, em terra de ninguém, estará a verdade - esse não raro desperdício conceptual. é sempre a mesma cantiga.


..o que andamos a ouvir:

the decemberists, 'the hazards of love'
four tet, 'there is love in you'
thomas feiner and anywhen, 'the opiates revised'
elvis perkins, 'dearland'
e get well soon, diversos - esta, abaixo, chama-se 'tick tack goes my automatic heart'..


('parlez-moi de la pluie' / 'deixa chover' é um filme de agnès jouie)

ridendo castigat mores.

03 fevereiro 2010

paris, maio de 1968

atentai, esfomeados do mundo.
john ford's 'how green was my valley'

era uma casa, como dizer, uma ideia-casa - um homem-estrela brilhando alto. era, como dizer, uma casa-futuro - uma ideia sonhando-se a si própria. e eu, ali sentado, sorvendo o canto dos pássaros, gota a gota, com a precisão mais amorosa. era um sonho, um salto. uma ideia-espanto, fulminante olhar em memória do que ainda há-de vir.

02 fevereiro 2010

01 fevereiro 2010