09 fevereiro 2010

por exemplo: chet baker, the jazz poet, na expressão daqueles livrinhos, CDs e DVDs de divulgação que procuram, de uma penada, encontrar a fórmula mágica que explique aos leitores, sequiosos de informação pela rama (rápido, rápido!), quem foi chet baker. que tocou trompete, sabemos. que teve várias fases, também. que teve um acidente que lhe custou parte da dentição e o afastou da música durante uns anos, poucos sabem. que era ferozmente adicto em drogas é quase saber mainstream. que morreu relativamente jovem e desfigurado pelos abusos, é conhecido. que morreu, ao cair de uma varanda de hotel, em amsterdão, quantos saberão? que foi um músico genial - one of a kind, truly - talvez consigamos consensualizar. que foi um ser humano execrável, quem o sabia?

por exemplo: chet baker, um poeta que se exprimia através da música que criava e interpretava. quem quer saber do homem, por detrás do mito? vale mais o homem, rude, imperfeito, antipático aos nossos olhos politicamente correctos, ou vale mais o artista, tocado, neste caso literal e metafóricamente, pelo sopro divino? faz sentido perguntar isto?

por exemplo: chet baker. mas só por exemplo.