10 fevereiro 2010

por exemplo: o sporting. viver um clube de futebol, para além do futebol jogado. não querer saber dos penalties por marcar, dos off-sides, dos tackles, das subtilezas técnico-tácticas, dos arruaceiros de fim-de-semana, das disputas nos fóruns on-line dos pasquins desportivos, dos mentideros e do basfond, das tricas e dos truques baixos. dos túneis.

por exemplo: o sporting. viver poucas alegrias, o mais do tempo imerso numa nebelina, numa nebulosa, um chorrilho de disparates sobre disparates, uma via-sacra para gente de têmpera, um pequeno vale de lágrimas, sem promessa de redenção, de amanhãs que cantam, de honrarias, de glória.

por exemplo: o sporting: sofrer derrotas copiosas, umas atrás das outras. sentir que nada do que se faça parece fazer sentido, nem o seu contrário. sentir que se está à beira do precipício, que os riscos são coisa real e não já uma cosa mentale - ainda que um risco seja sempre uma cosa mentale, mas isso era chamar aqui a alta cultura mais ilustrada, coisa sem cabimento num escrito sobre o sporting.

por exemplo: o sporting. amar o sporting, irracionalmente. acreditar que desta vez é que é, vamos ser campeões, esforço e devoção e dedicação e glória a caminho, já falta pouco, muito pouco, tão pouco, é já ali, continuar em frente, porque há aqueles factores inexplicados e inexplicáveis, e os títulos, a dignidade dos bravos rapazes, o sabermos que ínvios são os caminhos, mas que chegaremos lá, que estamos quase a chegar, que chegámos, ops, que afinal não estamos a chegar, que não chegámos, que que que que que..

por exemplo: o sporting. mas só por exemplo.