18 março 2010


este ano já não sabemos bem que dizer. quer dizer, sabemos sempre o que dizer - ou quase sempre. mas sabemos que não queremos saber o que queremos dizer. por isso, mais cómodo é escondermo-nos por detrás da muleta da praxe: já não sabemos o que dizer.

este arrazoado vem, infelizmente, a propósito de mais um vulto amigo que se apagou. talvez seja mais apropriado escrever que se incendiou. é mais vero, biográfica e restrospectivamente. e, com sorte e fé no cosmos, pode ser ainda ser vero prospectivamente. isso é que era.

alex chilton, líder dos hoje quase desconhecidos big star, foi um músico de excepção. conhecem os rem? aposto que michael stipe e seus muchachos estão particularmente tristes. deviam-lhe tudo? não é verdade. deviam-lhe muito? decerto. por isso, na música como na vida, é bom ter genealogia, partir daqui para chegar ali, passando o testemunho de mão em mão. é disto que falamos quando falamos de constelações virtuosas - a forma possível de, metafísica pura à parte, contornarmos as leis da vida e da morte, a lâmina do tempo.

alex chilton: obrigado.