29 maio 2010

-de repente, diz-me os livros da tua vida:
-'o processo', de franz kakfa, porque me fez descobrir o mundo adulto, ainda em criança; 'the catcher in the rye', de j.d.salinger, porque me fez recuperar o zénite da adolescência, já em adulto.

-escreves isto, hoje, porquê?
-porque acabei de ler 'carpinteiros, levantai alto o pau de fileira', conto (story) de salinger, editora difel (publicado num mesmo volume com outra story (conto), chamado 'seymour: uma introdução'). e quando acabamos de ler uma coisa que é, lá vamos nós, perfeita-perfeita, quando acabamos de ler um livro que nos apetece beijar (e falo do objecto físico, à falta de melhor), quando acabamos de ler um livro que nos redime e parece reparar tudo o que de defeituoso temos em nós - mero reflexo dos mesmos defeitos que observamos no mundo exterior -, quando acabamos de ler um livro e apetece transcrever as seguintes palavras, nele mesmo encontradas

o que é não sei
mas de gratidão
as lágrimas caem-me
(saygio)

então, dizíamos, é bem capaz de ser caso para, contra toda a fealdade que nos cerca e define, gritar bem alto

carpinteiros, levantai alto o pau de fileira!

j.d.salinger: o que é não sei, mas de gratidão, as palavras caem-me. ou seja: levantam-me.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Assim, de repente, senti-me menos triste e só.
Obrigada

domingo, maio 30, 2010 10:10:00 da tarde  

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