21 junho 2010


'eu sou o amor' é um filme de detalhes. não é uma obra-prima, mas também não é 'mais um filme'. é deliciosamante anacrónico, recuperando a lentidão com que velhos mestres italianos captavam 'o sentimento' (visconti) e uma certa angústia existencial (antonioni), muito moderna e upper class. claro que douglas sirk e os velhos professores do melodrama clássico passam também por aqui. o filme perde um bocadinho na história e numa espécie de contorcionismo moralista. mas ganha em muitos outros campos: desde logo, no sofisticado 'design de produção' (deslumbrante é a palavra); na elegância vera daquela alta burguesia milanesa; no sempre prodigioso acting da sempre esbelta tilda swinton. e, dizemos nós - que também somos um homem -, como não ajoelhar perante a luminosa beleza nada óbvia desta mulher que nasceu para vestir a griffe jil sander? piedade, tilda, piedade.