19 julho 2010



estávamos no verão de dois mil e quarenta e seis
e havíamos vivido muito
(mais do que a nossa quota-parte, seguramente).

gelo quebradiço e amor in dolor,
sombras e luz,

excedendo largamente também a nossa humana parte
de perfurante literatura e de fina melancolia,
de fúria e lúxuria,
de vida devida,
de honrarias avulsas e de decadência chic.

estávamos também no verão de dois mil  e dez,
outra vez,

de onde nunca chegámos a sair.