31 março 2011


em memória de farley granger, mais um actor do tempo dos verdadeiros clássicos que nos deixa. entre muitos outros filmes que protagonizou, relembramos aqui o garboso oficial de "sentimento" (esse melodrama romântico, assinado por luchino visconti), o naive estudante que acaba cúmplice de um abjecto estudo sobre o conceito de crime perfeito, em "a corda" (de alfred hitchcock), ou o atormentado passageiro desse sinistro comboio que serve de palco aos perigosos mecanismos mentais que precedem a projectada glória da impunidade associada, mais uma vez, ao crime perfeito, em "o desconhecido do norte expresso" (também realizado por alfred hitchcock). farley granger desenvolveu, no cinema, uma persona que era uma espécie de ingénuo, apanhado pelas teias do destino, facilmente manobrável por terceiros - um exemplo de intenções apenas levianas que conduzem, fatalmente, a trágicos desfechos. a pergunta que fica: ingénuo ou falso ingénuo? também por isso, por essa ambivalência esculpida que nos baralha, foi um actor de gabarito, um rosto vindo desses tempos em que o cinema era verdadeiramente maior do que a vida. até sempre, rapaz.