04 maio 2011



atravessar a cidade, manhã cedo, e ver, pela janela do carro, o céu azul-dourado-impossível reflectido no vidro. num slow motion imbatível, adivinhar os pensamentos dos rostos com que me cruzo, nos passeios, nas passadeiras, nos outros carros. o carro herméticamente fechado aos sons da cidade, mas o olhar maravilhosamente aberto ao que está lá fora - a vida a crepitar, algo assim. na rádio, há canções e há canções, umas e outras a embalar toda esta trip interior, este mergulho nas delícias do aqui e agora. e tudo é possível, outra vez, como se nestas viagens existisse uma formidável capacidade de regeneração dos meus tecidos emocionais. Deus, e mais umas pessoas, sabem que os hot cheap, nesta particular canção, dizem-nos que estão prontos para a queda (the fall) e não para a pista (the floor). talvez seja isso: quem está pronto para a queda, está pronto para tudo; e quem está pronto para tudo, está pronto para a vida - ou seja: para a pista. são assim as manhãs de lisboa, vistas a partir daqui.