17 maio 2011




#2

quando gostamos de menos, podemos tudo (porque nos controlamos, cerebralmente). quando gostamos demais, podemos pouco (porque nos atropelamos a nós próprios e a tudo o resto - o que te inclui a ti). que sentido isto faz? nenhum sentido, provavelmente - mas quem disse que a realidade tem que ter um sentido?

pensei em 176 formas de te dizer isto (e mais umas quantas coisas, em boa verdade) e talvez tenha escolhido a pior (esta). mas só escolhi a pior porque nenhuma das outras 175 me pareceu suficientemente boa - isto é, suficientemente desmedida.

o silêncio, em dias cinzentos, é uma violência. mas o silêncio é, também, uma forma inigualável de apreço - porque o sacrifício voluntário, expressão tão em desuso, nestes dias de espuma e velocidade, é um acto formidável da vontade.

anular em nós o que em nós grita é uma brutal oficina. não é para todos. e muito menos é para todas.

é assim que estamos.