15 maio 2011

sózinho, estive quatro horas, onde me não apetecia estar. às vezes, onde não nos apetece estar, acontecem-nos coisas. na sessão de encerramento do festival indie lisboa, esfíngico, sentia-me "de fora" (do meio, do cinema, do mundo). mas mesmo contra o que desejava, as coisas iam acontecendo, como sempre acontecem, mesmo quando nos apetecesse gritar ao mundo para que, por favor, pare. ontem, aconteceram duas coisas. a primeira foi escutar um pequeno texto sobre um filme singelo, no qual as palavras espera e encontro rimam com uma terceira que o pudor e uma certa reserva me impedem de escrever. escrevi-a, a frasezinha desse texto, no meu telemóvel, e quase que fiz "send". quase. o quase que permanece. a segunda coisa foi ser obrigado a mergulhar num filme com que não contava, o grande vencedor da noite. era já madrugada quando saí da sala, atropelado por esse filme que conta a estranha história do par de músicos e performers genesis breyer p-orridge e lady laye. o filme chama-se "a balada de genesis e lady jaye" e é um daqueles filmes que nos obrigam a abrir os olhos e a ver coisas pela primeira vez. lady jaye queria que se lembrassem dela, não pela arte, não pelos "statements", não pelos factos, mas sim por ter vivido uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos. a gente ouve uma coisa assim e só apetece levantar e desatar a bater palmas, até as mãos estarem em sangue. eu sei que nem todos entendem. mas respeitem-na, sim? isto é: respeitem-me. isto é: respeitem-nos.