11 outubro 2011

o jogo favorito*
(* poema inspirado na leitura do romance homónimo, de leonard cohen)


havia uma rapariga chamada shell.

existiam também muitas outras raparigas,

com nomes parecidos e ao mesmo tempo diferentes.

um rosário de raparigas,
para sempre fixadas no auge absoluto da sua perfeição,
com o seus corpos exultantes,
resistentes à usura do tempo, à ferrugem dos dias, 
gloriosas obras de arte,
fotografias perfeitas de memórias petrificadas.


quando dele não restar senão a poeira e as palavras,
elas serão as suas pirâmides de gizé,
as suas cordilheiras imperiais,
cascatas sublimes causando perpétudo espanto,
vestígios orgulhosos e perenes de uma civilização
- ele - 

em tempos idos fluorescente. 

havia uma rapariga chamada shell.
uma concha de abrigo.
por isso fugiu dela,
como quase sempre se faz
das coisas que têm potencial suficiente
para nos mudarem a vida.