31 maio 2012

30 maio 2012




in 1984 i was hospitalized for approaching perfection.

29 maio 2012


hoje: cinco meses: um mundo diferente: para pior, sim; ainda assim, o mundo que (agora) temos: resistir é preciso: e resistir é vencer: a ele, pois, mesmo que sem ti nada seja igual.

28 maio 2012




nunca acumulou fotografias, polaroids, retratos, photomatons.
tinha a secreta esperança de que assim espantaria os espíritos
de tudo o que o despertava alta noite dentro, esse berbequim
obsceno e dilacerante (ocorrem-lhe palavras: cenotáfio, memento,

dor).

rectângulos de papel, cheios de ferrugem e de esquinas dobradas
pelo tempo; quadrados de película, fixando para sempre o que não
existirá outra vez. o que, se calhar, não terá nunca existido, senão
bem dentro da sua delirante cabeça (ocorrem-lhe palavras: estalar,

lágrima).

dois ódios de estimação o acompanhavam vida fora, desde menino:
estatuetas - daquelas bem vivas; e arquivos - daqueles bem mortos.

(pudesse ao menos apagar as palavras que lhe rebentam os dedos.
e as memórias que lhe rebentam as palavras.)

26 maio 2012

25 maio 2012


'io e te' é um filme de bernardo bertolucci. entre outras coisas.


ladies and gentlemen, we are floating in space (ou um dos discos da minha vida, aqui disponibilizado na íntegra. talvez o cume absoluto da canção pop adulta.)

24 maio 2012

23 maio 2012



please forgive my heart.

22 maio 2012

é só para lembrar um nome: luis miguel nava, um dos mais intensos meteoritos que cruzaram os céus da poesia portuguesa contemporânea.
lê-lo é estremecer, sempre.
lê-lo é estremecer, como se fosse, sempre, a primeira vez.

21 maio 2012


yes, just another metaphor
for the feelings that i store.

20 maio 2012



absolute love @ first hearing

(nunca pensei dizer isto dos psychic tv.)


when all the numbers swim together
and all the shadows settle
when doors forced open shut again
a flytrap and a petal

my eyes burn and claws rush to fill them
and in the morning after the night
i fall in love with the light
it is so clear i realize
that here at last i have my eyes

when all the figures sound retreat
the soft skin starts to shrivel
when dreams made real become less sweet
the orchid and the metal

my sex turns and claws rush to spill them
but in the morning after the night
i fall in love with the light
it is so pure i can't arise
without the fear of secret lies

when all the characters full size
and every moon is level
when all the spirits burn in lies
as center grief by steel

my eyes burn and claws rush to fill them
but in the morning after the night
i fall in love with the light
it is so clear i realize
and now at last i have my eyes

19 maio 2012

18 maio 2012



love
used to be
my
only
devotion.

17 maio 2012




brutal oficina lírica
e uma temível melodia?

sure, milord - she said - 


é que aqui só fazemos 
fatos 
à sua exacta medida.

15 maio 2012

14 maio 2012



all the things i could

13 maio 2012



discos pe(r)didos.

12 maio 2012




#31
como prometido: não, não me esqueci de ti. nem do teu matinal kimono azul eléctrico. e nunca mais ouvi bauhaus.

10 maio 2012




é vero que a poesia lixa-nos a cabeça e o coração,
diz-me junto ao ouvido uma querida amiga querida,
não de todo desprovida de uma considerável razão
(mas falta-lhe responder: e fazemos o quê da vida?)

09 maio 2012



all farewells are sudden.

07 maio 2012



eu sei, nesse tempo era tudo diferente, ou não estivéssemos ainda todos vivos. eu sei, escrevi centenas de poemas sem préstimo, cheios de gongóricas metáforas e demais figuras de estilo, e, agora que queria versos meramente metafóricos, é tudo gelidamente literal (ou literalmente gélido – é-me igual, eu sei). triste, constato que a vida é que se transformou, oh quanta ironia…, em algo parecido com má poesia. eu sei, as minhas palavras são comestíveis; já a vida merece bolinha negra, nas páginas amarrotadas desse teu suplemento de jornal. eu sei.
nunca se regressa ao mesmo lugar

por isso, quando a criança partiu do campo de malmequeres
olhou muitas vezes para trás


isabel aguiar


as nossas noites, às vezes.

06 maio 2012



'lembra-me um sonho lindo', como diria o senhor fausto bordalo dias.

05 maio 2012




nesses dias,
em que ainda estávamos
todos vivos.

(um poema sem metáforas
é sempre
um bom poema.

a vida
é que é
má poesia.)

03 maio 2012


oh superman.



auto-retrato sobre fundo negro, às 8h59 desta manhã.

02 maio 2012


fernando lopes, realizador, 1935-2012.
menos um amigo que por cá anda.
quando os poetas e os boémios se forem todos, talvez seja hora de mudar de vida. e já faltou mais, ao ritmo a que isto vai.
paz à sua alma e obrigado pelos filmes que uns quantos apreciavam, mesmo que em devoto silêncio.
cada vez somos menos a cantar.


era de inverno, em vila real. a neve
cobria as ruas que levavam ao liceu.
dentro da confeitaria, as luvas de cabedal
no tampo do vidro, o vapor da respiração
ligava-nos entre as conversas de mesa indiferentes.
e querias olhar para mais dentro de mim.
os pombos escondidos nos beirais tapavam
a cabeça na plumagem de chumbo, cor do céu.

calados, afeitos ao silêncio, enlaçámos
em cada um dos nossos livros a primeira letra
dos nossos nomes, de modo a desenharem
uma única letra que não havia em alfabeto nenhum.
que bem que estávamos tão mal ali sentados,
a faltar às aulas, nessa primeira vez
em que nos acontecia, sem sabermos, um amor.

tu não ias adivinhar as leis secretas
que já nos separavam. tu não podias
lutar na via de sangue da minha vida.
mas sempre que tombar neve em vila real
e desceres a avenida a caminho do café
de alguma destas coisas, quem sabe, te hás-de lembrar.


joaquim manuel magalhães