21 janeiro 2014

talvez a arte da pobreza - isso que dizem dos poetas portugueses contemporâneos - seja, afinal, uma elevada forma de carácter. uma espécie de correspondente, aqui na ocidental praia lusitana, a características nobres usualmente mais associadas a quadrantes orientais.

talvez essa arte da pobreza seja, portanto, uma sui generis arte da nobreza.

de maneira, que à maneira do senhor herberto, que Deus nos mantenha como pobres e obscuros poetas, uma forma possível de cultivarmos a virtude, em tempos que não estão para isso.

pelo menos, quem nos governa - ou seja, nós próprios, auto-eleitos por interpostas pessoas - já assegurámos a parte da indigência, trazendo a metáfora lá de cima em voo picado até aqui em baixo, até às nossas tristes ruas.

resta, pois, lutar pela obscuridade. mas creio que, quanto a isso, pouco temos a temer.