31 julho 2014

28 julho 2014

26 julho 2014




tears in his ears 
say it all:
he lost control,
he lost control,
again.

24 julho 2014




it was a long way down. (but) it wasn't a strange way down.

leonard cohen

21 julho 2014



fazer do teu sal 
o meu sol
o meu sul

18 julho 2014




onde o fogo de um verão muito antigo
cintila

eugénio de andrade

13 julho 2014




nem todas as palavras do mundo
podiam dizer os teus cabelos
no meu peito.

Gonçalo Mira

11 julho 2014




the endless summer in your eyes.

(uma vida, para escrever uma linha assim; sete vidas, para viver uma linha assim.)

08 julho 2014



o amor e a vida. o amor e uma vida. um amor e a vida. um amor e uma vida. um amor e duas vidas.

06 julho 2014

com estas mãos, ergui uma igreja, pedra a pedra, seguindo o exemplo das grandes catedrais, essas furiosas manifestações verticais. por fora, de um barroco impossível. por dentro, um espaço rigorosamente vazio - arte total, fundindo conteúdo e forma. repara: falo de um cenotáfio (um monumento fúnebre, sem um corpo sequer que possamos velar, como naquele poema), exacto na inclemente ausência de altares, santos, celebrantes, crentes. construí este templo, como se tacteia um caminho. conheço cada pedaço de pedra, cara ruga das paredes, todos os ângulos secretos, todas as dores. agora, por estes dias, verifico que, como em tanto outros caminhos trilhados por tantos outros homens, o destino não importava. ou talvez nem sequer existisse, como naqueloutro poema. esta espécie de deus fugiu da sua própria igreja, abandonou o seu rebanho. a igreja transformou-se, assim, numa mera obra de humana engenharia, sem graça nem transcendência. tristes materiais inertes, ao serviço de um sonho que se sonhava a si próprio.

destruir, diz ela. arrasar, digo eu.

05 julho 2014

o engenheiro informático tornado barbeiro de lâmina em riste, acompanhando a curva do pescoço. o metal beijando a pele. dois pares de amantes, numa dança sem fim.
a placa mordida pelo tempo. o nome comido pela ferrugem. nenhuma figura de estilo, nenhuma ornamentação de linguagem, nenhuma frase de efeito. apenas um brutal realismo a vencer, por ko.
disse-me, nas entrelinhas e entre-dentes, que nada mais podia prometer senão sangue, suor e lágrimas. e cumpriu.

03 julho 2014



quando a meio da vida, um tipo constata que as falhas tectónicas são por demais evidentes, qual será a palavra que está a mais? talvez meio, talvez vida.

quando temos que matar coisas, dentro de nós, uma e outra e uma e outra vez, qual a palavra que está errada? talvez temos, talvez matar, talvez coisas, talvez dentro, talvez nós.

quando fazemos da vida um altar vazio ao tempo que passa, qual a palavra que está fora do sítio? talvez nenhuma.

02 julho 2014



homens que são como lugares mal situados, dizia o rapaz-poeta. homens que passam ao lado. homens que se anulam. homens sem grandeza e sem coragem. homens que são espectros de comboios vistos ao longe. homens que são como uma náusea profunda. homens que são a negação do engenho. homens que matam tudo o que amam. homens que são um cenotáfio vivo. homens que morreram apesar de respirarem. homens minúsculos. homens que são a vergonha da criança que foram. homens sem préstimo. homens que não se merecem.


quando dizemos o contrário do que queremos dizer. quando um não é um sim. quando petardos rebentam. quando as flores não chegam.